Tópico 1. Definição e características do profissional de ecoturismo e turismo de natureza
O ecoturismo e o turismo de natureza são segmentos com demanda crescente no setor de turismo. Portanto, exigem maior profissionalismo em todos os aspectos de seu desenvolvimento. Neste sentido, entende-se por condução/guia de natureza a profissão que se dedica ao desenvolvimento de atividades no âmbito do turismo em ambiente natural, sejam áreas protegidas ou não, com o objetivo de observar e interpretar as várias formas de vida, recursos a ela associados, nos momentos de lazer dos visitantes.
Um dos principais papéis que os condutores, guias e profissionais do ecoturismo desempenham, além de acompanhar os turistas, é a interpretação (Mendoza Ontiveros et al., 2021). Esse é um fator crucial na proteção dos ativos turísticos, pois revela a importância dos lugares visitados e estimula o comportamento sustentável (Alaudat, 2022).
As tarefas que um profissional do ecoturismo pode realizar, em especial, aqueles que atuam diretamente no campo, vão desde o desenho e planejamento dos roteiros e passeios, até todo o acompanhamento e condução dos visitantes em si.
As tarefas realizadas pelos guias, condutores e profissionais de ecoturismo, que atuam no campo, podem ser agrupadas em:
- Desenho de experiências: inclui as diferentes tarefas de prospecção, análise do território e avaliação das atividades e dos recursos a serem interpretados. A preparação da atividade e a sua relação com os aspetos logísticos (material, alojamento, transporte e restauração), segurança e a criação de guias interpretativos para o seu desenvolvimento.
- Gestão de grupo: incluem todos os aspectos a serem levados em conta, na relação com o grupo, a manutenção de um bom ambiente para criar uma experiência satisfatória para os clientes e a resolução de situações conflituosas.
- Segurança: inclui desde a prevenção até a solução de diversos problemas que envolvem a segurança (física, mental ou emocional) dos clientes e da equipe de trabalho.
- Interpretação do patrimônio natural e cultural: são as ações relacionadas com a comunicação e interação dos clientes com o território e o seu patrimônio, de forma a garantir uma relação adequada entre eles, e que crie uma experiência significativa, e de preferência, positivamente, marcante, transformadora e inesquecível.
Nota-se, que quando se trata de visitas guiadas, essas podem ser muito diversas dependendo da sua duração – de algumas horas a vários dias, até meses -, dos recursos a serem observados ou da especificidade para observá-los. De acordo com este último, podemos nos referirmos a guias especializados ou a guias genéricos.
Ser um profissional do ecoturismo, significa ser responsável por compartilhar a paixão pela natureza e o conhecimento, sobretudo o ecológico, com os viajantes que decidem desfrutar de um determinado lugar durante seu tempo livre, muitas vezes, um público não cativo. O profissional do ecoturismo deve conhecer o território, as suas características patrimoniais como a sua história geomorfológica, a evolução ecológica do mesmo, a área e as características e particularidades da flora e fauna locais. Também requer conscientização sobre as relações entre os modos de vida das comunidades humanas do entorno e as comunidades de outras espécies de animais, plantas ou fungos que convivem no território.
O profissional do turismo de natureza deve ser capaz de projetar roteiros de interpretação em espaços naturais para facilitar experiências significativas ao público, combinando os objetivos de informar, entreter e sensibilizar. Para atingir esse objetivo, por um lado, são necessárias competências relacionadas ao planejamento e implementação de um programa e de roteiros turísticos, ou seja, conduzir, instruir e atender o turista. Mas por outro lado, o profissional do ecoturismo, e particularmente aquele que está conduzindo os grupos em campo, precisa ter um profundo conhecimento de certas técnicas que permitam a adaptação a diferentes ambientes naturais.
Para transmitir o seu conhecimento científico de uma forma mais lúdica e significativa, o profissional do ecoturismo em campo, deve desenvolver outras competências que permitam a adaptação dos conteúdos de acordo com o tipo de visitante que participa da atividade. Nesse sentido, o guia/ condutor de turismo deve ser capaz de manejar certas habilidades sociais, ou habilidades sociais que um determinado indivíduo possui para ter sucesso em uma tarefa interpessoal específica (Paula Pérez,2000; Posada-Swafford, 2021).
Em poucas palavras, o guia de natureza deve ter habilidades e competências específicas, como as seguintes:
- Habilidades pessoais e interpessoais: Por exemplo, atitude de serviço, responsabilidade, pontualidade, organização, empatia, paciência, humildade, determinação de aprendizado, entusiasmo, autogestão, carisma, liderança, cortesia, senso de humor, gentileza, adaptabilidade a contingências, gerenciamento de grupo, resolução de conflitos, trabalho em equipe, habilidades de observação e pesquisa.
- Habilidades de comunicação: Por exemplo, escuta ativa, boa expressão oral e não-verbal – com vocabulário amplo e adequado, dicção clara e tom de voz correto. Além de habilidades de atuação e narrativa, de comunicação assertiva e um alto nível de idiomas estrangeiros.
- Noções Pedagógicas: Por exemplo, capacidade de expressar conteúdos complexos de forma simples, uso de metáforas, exemplos, comparações e demonstrações, uso de sentidos para exploração e relevância de conteúdos, uso de material ilustrativo e tecnologias, estratégias de perguntas e respostas, desafios e trabalhos, capacidade de apelar a diferentes dimensões (física, intelectual, social e, principalmente, emocional), criatividade para incorporar uma narrativa (ideia central e curva dramática) e produzir interações com o ambiente, considerando expectativas, preferências, atitudes, habilidades e conhecimentos prévios do turista.
- Competências ao ar livre: O profissional do ecoturismo deve ser capaz de gerenciar técnicas de caminhada, instalação de acampamento, observação de flora e fauna, sobrevivência, orientação ao ar livre, meteorologia e culinária. Assim como o desenvolvimento de atividades que não deixam vestígios (Leave No Trace) ou mesmo o menor efeito negativo no ambiente, respeitando os animais, não os incomodando e/ou perseguindo e garantindo a mínima intervenção no seu comportamento normal.
- Competências de Segurança: O profissional do ecoturismo deve ser capaz de analisar, avaliar riscos e gerar medidas de mitigação; estabelecendo procedimentos a serem seguidos antes, durante e após as atividades, e para garantir a segurança de si e dos visitantes, da comunidade e do meio ambiente.
- Conhecimento do território e dos seus recursos: O profissional do ecoturismo deve ser o primeiro a servir como veículo para facilitar o conhecimento. Isso inclui os processos de busca e organização de informações diversas sobre o local visitado e seus recursos naturais e culturais, em sentido amplo, que complementam e dão solidez à visita em um contexto assertivo através dos dados fornecidos.
- Conhecimento do contexto turístico: O profissional do ecoturismo deve compreender e participar adequadamente dos processos e ações relacionados ao turismo global, bem como suas expressões em nível nacional ou local, que incluem conhecimento do mercado, produtos, clientes e cadeia de valor e sistemas produtivos, e, principalmente, o ecossistema do turismo aonde atua.
Além de possuir essas competências e habilidades, o profissional do ecoturismo e turismo de natureza deve ter a capacidade de conhecer profundamente o público, considerando suas características, expectativas, motivações, interesses e consciências prévias, a fim de proporcionar instâncias de diferentes conexões entre o público e o ambiente natural, tanto no nível intelectual quanto no emocional (Morales et al., 2009). Por último, mas não menos importante, não devemos esquecer que os profissionais do ecoturismo, e particularmente os que atuam diretamente no campo, são os apoiadores e, de forma mais incisiva, os implementadores dos objetivos do ecoturismo. Uma condução de boa qualidade estimula o visitante a se comprometer com o local visitado e a se comportar de forma responsável e sustentável (Aloudat, 2022).
Tópico 2. Orientação e técnicas de condução: elementos a considerar em atividades orientadas no ambiente natural
No ambiente natural, é preciso contextualizar o visitante. Recomenda-se partir da localização geográfica mais ampla, por exemplo, em relação à sua posição no planeta, no continente, no país e/ou na região. Isso permitirá explicar o porquê de ali se encontrar os recursos naturais nos quais a atividade se baseia. Da mesma forma, possibilita localizar os turistas e nos orientarmos no espaço.
Uma vez que todo contexto natural é influenciado por algum componente cultural, também é aconselhável situar o turista no contexto cultural, e até mesmo articular essa dimensão com os recursos naturais da região (meios de subsistência, sistemas produtivos, festas e festejos, mitos, lendas e costumes).
É importante destacar, nesse contexto, os riscos associados à área, e os os planos de contingência.
Orientação Geográfica
Apoiado por mapas temáticos e mapas cartográficos, o profissional do ecoturismo, em campo, deve começar as atividades do dia fornecendo o máximo de informações possíveis sobre onde estão localizados no planeta, no país, na região e áreas urbanas mais próximas, além da orientação imediata. Basicamente, a intenção desta ação é ativar conhecimentos do turista, de forma a fazê-lo sentir-se completamente orientado em torno de todo o espaço, particularmente, analisado a partir da sua cidade e país de origem, caso necessário. Esta ação tem como objetivo manter o turista num estado de espírito positivo no que diz respeito à experiência que lhe irá proporcionar.
Terminada essa ação, é o momento de começar com a orientação imediata, indicando os quatro pontos cardeais. Pode ser mais ilustrativo com o uso da bússola, identificando a topografia e a posição geográfica de certos elementos naturais que podem identificar claramente os principais pontos de orientação da área coberta em relação aos pontos cardeais.
Outro elemento importante é permitir que os visitantes identifiquem os pontos cardeais em relação às áreas de sombra e sol, tendo como referência o relevo, como serras, montanhas, proporcionando ao turista uma sensação de destaque, fazendo com que ele se sinta parte ativa da experiência, lendo e conhecendo o território. Esse elemento é essencial, pois a partir do momento em que o guia percebe que é mais do que um prestador de serviço, ele é, de fato, um criador de experiências, e mais ainda, um educador.
As expressões ecológicas da altitude e latitude nos elementos da natureza presentes na área produzem um enorme interesse no turista interessado na natureza, sendo o momento de questionamentos sobre a biodiversidade, e geomorfologia, tipos de vegetação, fauna, por exemplo. Essa é uma oportunidade ímpar para um momento marcante que gere experiências transformadoras nos turistas, transmitidas pelo guia de natureza, que pode, inclusive, convidar à reflexão sobre a preservação do meio ambiente.
É importante lembrar que os guias de turismo de natureza e os profissionais do ecoturismo podem ser, e muitas vezes são, de fato, agentes de mudança no planeta, contribuindo ao provocar educação sobre a minimização do aquecimento global e extinção de espécies, por exemplo.
Contexto cultural
Devido à expansão de habitantes do planeta e nossa constante ação, é possível identificar a influência antropogênica por onde passamos, e a vida selvagem não é exceção. Durante o trekking, caminhada, caiaque, mergulho ou mesmo parapente é possível encontrar vestígios humanos de milhares de anos, a outros deixados mais recentemente, ou ainda pior, o efeito de ações proibidas, ilícitas, ou de catástrofes naturais, como incêndios florestais, antigos ou recentes. Esses elementos ou eventos, deixam vestígios, marcas no espaço, como pinturas rupestres, cerâmicas, cabanas abandonadas, infraestrutura agrícola, etc. E são ótimos candidatos a serem convertidos em elementos perfeitos para a interpretação do Patrimônio Cultural, em meio à natureza. Esta simples ação permite ao turista obter uma visualização total de como era aquela área tempos atrás.
Plano de contingência
Neste processo de orientação e contextualização ecocultural, há um elemento indispensável que permite ao turista estar mais envolvido na experiência: conhecer as contingências possíveis. Situações inesperadas podem ocorrer, e em atividades na natureza, as possibilidades são muito mais frequentes. Porém, com uma orientação adequada ao turista, há a probabilidade importante dessas situações serem minimizadas.
Como foi referido anteriormente, profissionais do ecoturismo, principalmente os que atuam em campo, e especialmente os guias e condutores, são educadores da natureza, e tem um papel essencial na prevenção de acidentes ou outros tipos de contingências e imprevistos. Isso se dá através de ações simples, como o ensino pela demonstração, por exemplo, de como andar em diferentes tipos de superfícies, como areia, solo, pedras, grama, madeira, áreas escorregadias, para evitar acidentes e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente.
Mesmo estando informado sobre o comportamento da natureza a partir do monitoramento da previsão do tempo, da tábua de marés e/ou das atividades vulcânicas, por exemplo, a qualquer momento algo inesperado pode ocorrer, por isso é tão importante ter elaborado um Plano de Gestão de Riscos que permita aos guias ou condutores de turismo a tomar decisões com rapidez e eficiência minimizando a possibilidade de que o turista vivencie situações desagradáveis.
Tópico 3. Planejamento de atividades do turismo em áreas naturais pelo profissional de ecoturismo
A prática do ecoturismo envolve algumas premissas que devem estar presentes em todas as atividades, como: (1) conservação do patrimônio natural e cultural; (2) conscientização e interpretação ambiental como forma de engajar a sociedade e gerar conhecimento; (3) envolvimento e bem-estar das comunidades locais (Global Ecotourism Network, 2016). Assim, o guia de natureza deve considerar essas premissas como base para o desenho das atividades nos ambientes visitados.
Para iniciar as atividades de planejamento, é fundamental ter um profundo conhecimento sobre o contexto local, considerando aspectos históricos e culturais de relevância para o território e a área natural. Em outras palavras, o desenho das atividades de ecoturismo depende do contexto em que atuamos, principalmente considerando a relação entre natureza e cultura.
Nessa perspectiva, surgem novas abordagens de pesquisa e prática para fortalecer a sustentabilidade no turismo, como o turismo regenerativo, por exemplo. As abordagens regenerativas focam em iniciativas integradas de desenvolvimento local, baseadas em modelos econômicos que vão além da dimensão do lucro e do crescimento econômico, e buscam evidenciar resultados positivos ao invés de focar apenas em como reduzir os danos da atividade (Duxbury et al ., 2021; Caverna e Draga, 2020).
Como foi dito anteriormente, podemos inferir a importância de um profissional do ecoturismo, em especial em todo o processo do ecoturismo, quando pensamos na definição de “um agente de mudança”, envolvido e atuando como educador. Os profissionais do ecoturismo, em especial os guias, possuem um grande potencial para influenciar no entendimento do visitante sobre conservação e preservação do patrimônio ecocultural local. E obter, como resultado, a prática mais sustentável do turismo, considerando os 3 pilares da sustentabilidade: ambiental, sociocultural e econômico.
Ambiental
Podemos dizer que o guia de turismo é um profissional que precisa promover a proteção ambiental por meio de diferentes ações como a valorização da não utilização de garrafas plásticas, canudos, sacolas plásticas, entre outras. Precisa oferecer alternativas mais ecológicas, as que serão implementadas. durante a expedição, mas também depois, voltando para casa, produzindo até uma reação em cadeia, espalhando essa nova prática com seus familiares e amigos. Outra ação é lembrá-los, constantemente, das normas de conduta consciente em ambientes naturais, como seguir a trilha marcada e permitida, como os princípios de Leave no Trace (https://lnt.org/).
Econômico
O estímulo à economia local necessariamente acompanha o profissional do ecoturismo, em prol da sustentabilidade dos locais visitados e de seus habitantes, por meio de ações como:
- Orientação dos visitantes sobre a preferência de produtos e souvenirs locais e sustentáveis.
- O consumo de alimentos em restaurantes ou mercados onde há produção local, de preferência com práticas sustentáveis, como orgânicos e de agricultura familiar.
- A compra de produtos com selo tipo “comércio justo”, entre outros.
Sociocultural
O profissional do ecoturismo contribui na promoção do respeito à cultura local através das seguintes ações:
- Aumentar a sensibilização sobre a cultura local, tradições, código de vestimenta, valores e comportamentos apropriados.
- Apresentar o turista à comunidade local, para que os locais se sintam confortáveis com a presença dos visitantes.
- Auxiliar os turistas a se conectarem com a população local, de forma adequada, e especialmente quando há diferenças de idioma.
- Pedir permissão aos locais antes de ações específicas, como tirar fotos, e nunca presumir que é permitido aos visitantes fazer o que quiserem.
Com esses princípios e diretrizes em mente, alguns passos podem orientar o desenho de atividades em áreas naturais (Noll et al, 2019; ICMBio, 2019):
- Diagnóstico das atividades de ecoturismo existentes e potenciais, que podem ser incluídas em um programa de visitação. Nesse diagnóstico, o profissional deve ser capaz de identificar os conteúdos e temas que podem ser trabalhados durante a visita guiada. Além disso, a análise deve considerar a diversidade de oportunidades de ecoturismo presentes na área;
- Identificação de diferentes perfis de visitantes, motivações e interesses. Essas informações, por vezes, podem ser encontradas em levantamentos realizados em áreas naturais e documentos com dados secundários;
- Planejamento das atividades considerando aspectos como: duração; perfil do visitante; conteúdo e técnicas adequadas; práticas de interpretação ambiental; O planejamento também inclui a análise de desafios e oportunidades para atividades de ecoturismo organizadas por guias de natureza.
- Monitoramento das atividades, considerando a experiência do visitante e os impactos nos ambientes naturais e culturais (Leung. et al 2018). Nas visitas, nas experiências e nas atividades do ecoturismo devem ser incluídas, em seu planejamento e execução, planos de monitoramento, com vistas a melhorar a qualidade do serviço prestado e minimizar os impactos da atividade.
A partir dessas etapas, o profissional do ecoturismo poderá projetar produtos, serviços e experiências que envolvam os fundamentos do ecoturismo.
Também é importante considerar o papel dos profissionais do ecoturismo na gestão da visitação e turismo em áreas naturais. Nesse sentido, alguns aspectos principais são destacados:
– a importância de fortalecer os vínculos entre a gestão das áreas naturais, os guias e profissionais do ecoturismo e os visitantes;
– o papel das associações de guias, e outros organizações coletivas do turismo, na participação social e no apoio ao planejamento e gestão do ecoturismo em áreas naturais;
– a colaboração efetiva dos guias da natureza e demais profissionais do ecoturismo no planejamento do turismo em áreas naturais.
Em conclusão, o desenho de experiências pelos profissionais do ecoturismo deve promover a visita, em especial a guiada, como um elo entre os visitantes e os aspectos naturais e culturais de um determinado território. Neste sentido , os guias têm a capacidade de captar e manter a atenção do visitante, são capazes de conectar, entreter, envolver, provocar e inspirar os visitantes pela interpretação da natureza, mas também da cultura, enriquecendo a experiência turística e consequentemente, a satisfação do cliente. Portanto, o planejamento das atividades de ecoturismo deve considerar a identificação das questões do mercado turístico (oferta e demanda) de forma participativa com os diferentes setores envolvidos e, principalmente, com base em padrões de sustentabilidade, que devem ser respeitados durante a prática do ecoturismo.
Tópico 4. Público-alvo: Diferentes segmentos turísticos, necessidades e expectativas. O papel do turista
O estudo sobre o público-alvo que busca o ecoturismo visa compreender a segmentação de mercado como estratégia de planejamento e marketing para o setor, e como os turistas devem ser orientados de acordo com seu perfil. Trata das diferentes demandas relacionadas ao ecoturismo, dentro de uma perspectiva ecológica, considerando os stakeholders (turistas, moradores, organizações, governo, trabalhadores); e, as necessidades, comportamentos e expectativas dos diferentes visitantes destes segmentos.
De acordo com Kotler et al. (2011, p. 89) a segmentação de mercado “é o processo de dividir um mercado em grupos independentes de compradores que têm necessidades, características ou comportamentos distintos e que podem exigir produtos ou programas de marketing separados”. Para segmentar o mercado “os clientes podem ser agrupados e atendidos de várias maneiras com base em fatores geográficos, demográficos, psicográficos e comportamentais” (Kotler et al., 2011, p. 89).
É importante entender o conceito de mercado e segmentação, os prós e contras da utilização desta técnica para o planejamento e gestão, bem como o entendimento dos diferentes critérios de segmentação, considerando oferta e demanda do mercado, com o objetivo de alcançar habilidades para trabalhar com as principais práticas e conceitos envolvidos, entendendo os caminhos e legados das diretrizes do mercado até chegar ao cliente principal, segmentando e personalizando experiências.
Desta forma,
“(1) Segmentação com base em critérios geográficos. Refere-se à divisão do mercado em diferentes unidades geográficas, como países, estados, regiões, municípios, cidades ou bairros.
(2) Segmentação com base em critérios demográficos. Consiste em dividir o mercado em grupos com base em variáveis demográficas como idade, sexo, tamanho da família, ciclo de vida familiar, renda, ocupação, escolaridade, religião, raça e nacionalidade.
(3) Segmentação baseada em critérios psicográficos. Os clientes podem ser divididos em diferentes grupos com base na classe social, estilo de vida ou características pessoais.
(4) Segmentação baseada em critérios comportamentais do comprador. Divide os compradores em grupos com base no conhecimento dos consumidores, sua atitude, seu uso ou sua resposta a um produto” (Kotler et al., 2011, p. 282).
Então, ao olharmos para o caso específico do ecoturismo, precisamos atentar para os diferentes comportamentos dos consumidores desse setor, por meio de uma perspectiva atitudinal e comportamental, considerando aspectos de dissonância cognitiva; do segmento para o nicho, atingindo o conceito mais humanizado de persona e apostando na segmentação da oferta (baseada em experiências semelhantes como Turismo de Base Comunitária; Turismo de Aventura; Turismo Rural e o próprio Ecoturismo) e outros segmentos e atividades que atendam às demandas, a partir do perfil psicográfico do visitante que busca essas experiências.
A segmentação psicográfica está relacionada aos interesses especiais, valores, gostos e desgostos, crenças e propósitos com os quais a pessoa se identifica (Kotler et al., 2011). Isso nos remete às necessidades e expectativas que esses perfis de consumidor/visitante demandam dos locais visitados e das empresas que atuam nesses locais, refletindo no planejamento de seus produtos, serviços e qualificação de trabalhadores e parceiros, proporcionando uma experiência mais significativa aos consumidores e visitantes.
Segundo o Ministério do Turismo (Brasil, 2010, p.37) “os ecoturistas visitam as localidades para interagir com os ambientes a partir de informações obtidas anteriormente, principalmente da mídia. É interessante notar que a qualidade das informações e atividades vivenciadas pelos ecoturistas em áreas naturais permite aumentar sua satisfação e as possibilidades de divulgação e retorno ao destino de Ecoturismo”.
Assim, o público-alvo desempenha um papel importante na entrega dos valores do ecoturismo a todo o sistema produtivo do turismo e em especial ao território e às comunidades locais, atores do território. Portanto, torna-se imprescindível o estudo sobre “empresas que desejam trabalhar com responsabilidade ambiental, pois os consumidores estão cada vez mais conscientes esses recursos” (Souza, 2003, p.9).
Tópico 5. Materiais e equipamentos
Roteiro turístico em Ecoturismo
As atividades relacionadas ao Ecoturismo mantêm uma estreita relação com os atributos da natureza dos destinos turísticos. A contemplação da paisagem e as atividades de aventura são concebidas numa relação entre indivíduos e ecossistemas. Essa relação influencia tanto as memórias e emoções que ficarão marcadas nos visitantes, mas também os níveis de impacto que as atividades podem produzir, por intervenção direta e por influência, a cada visita.
O ecoturismo é uma ferramenta importante tanto para a humanidade quanto para a natureza. Para a humanidade, o ecoturismo oferece a oportunidade de imersão no mundo natural de forma prazerosa e eficaz. O ecoturismo permite uma comunhão educacional com a natureza que proporciona vários níveis de realização, juntamente com a educação que leva a uma maior compreensão da natureza, que resulta em compaixão, em valorização da conservação da natureza, e uma melhora na administração de nossas maravilhas naturais remanescentes.
A experiência dos profissionais do ecoturismo em campo adquire um valor excepcional quando o turista vive a experiência turística, particularmente, nos aspetos relacionados com a organização da experiência, recordações e proteção do ambiente. Os profissionais do ecoturismo, em especial os guias, são mediadores entre a contação de histórias, que enriquecem a experiência do visitante e minimizam os impactos negativos no local de visita, e a interpretação natural/cultural.
A União Internacional para a Conservação e a Natureza (IUCN) desenvolveu uma agenda para 2030 de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) abrangendo 5 princípios: Reconhecer, Manter, Restaurar, Apoiar e Reconectar.
Organização de experiências na natureza
O planejamento da visita de turismo de natureza, considerando seu impacto e complexidade, deve ser entendido e atendido em uma análise que abarque as dimensões ou pilares da sustentabilidade, ou seja, envolvendo a comunidade local, a proteção dos recursos naturais e a geração de qualidade de vida de todos os participantes envolvidos.
O planejamento envolve a análise do tempo de duração em horas ou mesmo dias, a previsão do tempo, possíveis mudanças climáticas, deslocamentos necessários, entre outros.
A National Outdoor Leadership School (NOLS), ou “Escola Nacional de Liderança ao Ar Livre”, em tradução livre para o português, gerou um programa que permite ao guia de turismo planejar as excursões pela natureza pelo programa Leave No Trace (LNT)
Este programa tem 7 princípios*:
- Planeje com antecedência e prepare-se
- Viajar e acampar em superfícies duráveis
- Descarte os resíduos corretamente
- Deixe o que você encontrar
- Minimize os impactos da fogueira
- Seja atencioso com outros visitantes
- Respeite a vida selvagem
*Cabe notar que esses são princípios universais, e que normas mais específicas podem ser aplicadas, de acordo com o regramento de cada área natural visitada.
Equipamento básico
Uma experiência na natureza exige uma análise prévia do local a ser visitado, das condições meteorológicas anteriores ao passeio e do conhecimento do visitante nesse tipo de experiência.
Esta análise pode ajudar o profissional do ecoturismo a decidir quais os equipamentos necessários para as atividades.
Alguns elementos a serem considerados são:
- Faca
- Lupa
- Ponteiro laser
- Guia de campo
- Binóculos
Equipamentos especializados
Os aspectos geográficos do local a ser visitado e seu nível de dificuldade de circulação definirão alguns requisitos especiais, dependendo se serão realizadas atividades terrestres, de montanha, marítimas ou aéreas.
Excursão Terrestre: bastões de caminhada, mapas cartográficos e/ou GPS, equipamentos de escalada, lanterna, equipamentos de acampamento, de comunicação e primeiros socorros.
Excursão de altitude: bastões, roupas técnicas, mapa cartográfico e/ou GPS, equipamentos de escalada e de alta montanha, lanterna, equipamentos de acampamento, de comunicação e primeiros socorros.
Excursão Marítima: Cartas náuticas, equipamento de mergulho, embarcação, coletes salva-vidas.
Cartografia e meteorologia
Um dos problemas frequentes das excursões na natureza são as características geográficas do ambiente. Em áreas onde existe um correto plano de gestão de trilhas turísticas é praticamente irrelevante, mas em áreas selvagens ou remotas as dificuldades aumentam, principalmente em áreas com a topografia acidentada, em florestas, costões rochosos, nas montanhas, ou mesmo sob variações climáticas abruptas, ativando protocolos de contingência
Por isso, é indispensável que o guia ou condutor de turismoesteja bem treinado e atualizado, não só na habilidade de contação de histórias, mas também nos componentes naturais do ambiente, inclusive os que podem ser representados na cartografia.
Para as excursões terrestres é imperativo o uso de cartas geográficas que permitam identificar as encostas, picos, serras, divisores de água, bacias hidrográficas e planícies. Bem como, uma adequada interpretação do clima e do tempo que permitirá uma experiência marcante para o turista durante o trekking ou caminhada, escalada, observação de pássaros, entre outras atividades.
Para as excursões marítimas, ainda que o guia faça parte da tripulação, é indispensável a obtenção das respectivas certificações e gestão das cartas náuticas, nomeadamente para navegação, observação de baleias, mergulhos próximos a recifes de corais, observação de ambiente pelágico, mergulho, entre outros.
Bússola e GPS
A interpretação correta da localização é muito relevante em ambientes selvagens, mesmo para excursões muito próximas a áreas urbanas. Por isso, o guia ou condutor de turismo deve conhecer o uso da bússola, assim como o Sistema de Posicionamento Global (GPS), instrumento que facilita a localização, criação e acompanhamento das trilhas ou rotas da excursão. Atualmente, diversos aplicativos permitem o uso destas funções básicas, além de outras mais sofisticadas, nos aparelhos de celular, mas é recomendado, pela confiabilidade, autonomia de bateria, e também no aspecto interpretativo educacional, contar e explorar nas experiências de ecoturismo, sobre os instrumentos mais clássicos, como bússola e GPS.
Astronomia básica
As áreas naturais e rurais são consagradas pela qualidade de seus céus para a observação das esferas celestes. Logo, é importante considerar a conscientização sobre o céu local para permitir ao guia ou condutor de turismo gerar experiências de identificação de estrelas, constelações e cosmovisão da comunidade local.
Tópico 6. Dinâmica de grupo
O profissional que irá conduzir a experiência, como o guia de natureza, pode utilizar dinâmicas de grupo para buscar uma maior integração entre os participantes, considerando os grupos e os diferentes perfis de visitantes, motivações, origens e interesses. A dinâmica também pode promover uma maior conexão com o ambiente, além de despertar a reflexão e o interesse sobre o contexto do local visitado.
De acordo com Ntalakos el al. (2022), as dinâmicas de grupo envolvem o exame das principais questões abaixo:
- Inclusão e identidade: Os seres humanos preferem a inclusão à exclusão e a participação em grupos ao isolamento? Como as experiências e associações de grupo influenciam as identidades dos indivíduos?
- Formação: quem se junta aos grupos e quem fica separado? Por que as pessoas criam grupos deliberadamente ou se juntam a grupos existentes?
- Coesão e desenvolvimento: O que é coesão e o que a causa? Como os grupos se desenvolvem ao longo do tempo?
- Estrutura: O que são normas, papéis e redes de relações intermembros e como eles organizam os grupos?
- Influência: quando as pessoas se adequarão aos padrões de um grupo e quando permanecerão independentes? Quão poderosa é a influência social?
- Liderança: Quem os grupos preferem como líderes? Um líder deve ser focado na tarefa ou focado no relacionamento?
- Desempenho: As pessoas realizam tarefas com mais eficiência em grupos ou quando estão sozinhas?
- Equipes: Qual é a diferença entre um grupo e uma equipe? O team building melhora o trabalho em equipe? Como os líderes podem intervir para melhorar o desempenho de suas equipes?
- Tomada de decisão: Quais os passos dos grupos ao tomar decisões?
- Conflito em grupos: O que causa disputas entre os membros do grupo? Por que os grupos, às vezes, se dividem em subgrupos? Como as disputas em grupos podem ser resolvidas?
- Relações intergrupais: O que causa disputas entre grupos? Como os conflitos intergrupais podem ser resolvidos?
Como foi dito anteriormente, o profissional do ecoturismo deve planejar detalhadamente cada aspecto programado para ter sucesso na operação, e as características de cada grupo não são exceção. Cada grupo apresenta uma dinâmica particular, dependendo de seus perfis de persona. Entendendo sua segmentação, exigências e necessidades, os profissionais do ecoturismo terão mais chances de manter a plena satisfação do cliente.
Por isso, no início da experiência, é absolutamente necessário começar com uma recepção de boas-vindas, uma espécie de pequena reunião para conhecer uns aos outros, nomes, de onde vêm, conhecimentos prévios ou experiência na área (país ou região) ou tipo de atividade, principalmente no caso de ser o primeiro encontro com todo o grupo. Esta ação permite assumir a função de quebra-gelo, permitindo aos líderes de equipe “medir” as possíveis necessidades do cliente, restrições, etc, não detectadas antecipadamente. Após esta primeira abordagem é o momento de fazer um briefing completo de toda a expedição, explicando o dia a dia, com cada detalhe apoiado em mapas, cartas cartográficas, etc, dando também a possibilidade de responder a todas as perguntas dos seus clientes. Atenção especial é necessária no momento de explicar sobre a gestão de riscos e as ações necessárias para prevenir contingências durante a expedição.
Deve ser gerado um ambiente descontraído, divertido e dinâmico, a fim de obter um grupo coeso, desde o início.
Mantendo a dinâmica
As dinâmicas de grupo são utilizadas em diferentes situações para apoiar o planejamento de atividades, trabalhos em grupo, facilitação de processos de negociação. No contexto de atividades na natureza, também podem ser utilizadas para sensibilizar os visitantes sobre determinado tema no ambiente natural, despertar curiosidade, integrar visitantes do mesmo grupo, valorizar o espírito de equipe, entre outros objetivos.
A escolha de uma determinada dinâmica de grupo para conduzir os visitantes depende de alguns aspectos e características da visita, tais como: duração da visita; tamanho do grupo; perfil do visitante; motivação e propósito da visita; e composição do grupo (famílias; grupo de amigos; grupo heterogêneo).
Nesse sentido, orientar os visitantes em ambientes naturais envolve algumas etapas pré-definidas, que irão influenciar na escolha da dinâmica de grupo mais adequada para cada momento (Ham, 1992; Vasconcellos, 2006).
1- Preparação e introdução ao início da atividade. Momento em que os visitantes têm o primeiro contato com o agente responsável pela experiência, em geral o/a motorista e/ou guia e que indica a importância de criar um ambiente agradável entre o grupo. Nesse momento, técnicas lúdicas podem ser utilizadas para a apresentação e/ou integração dos participantes de um grupo, que facilitam a aproximação, descontração e cooperação. Este é um passo importante na condução dos visitantes, considerando o método de aprendizagem sequencial e o momento de “despertar entusiasmo” (Cornell, 1997).
2- Desenvolvimento da atividade e exaltação dos sentidos. Etapa em que a dinâmica deve se basear em temas ou conteúdos que pretende abordar durante a visita. Neste momento, algumas atividades e dinâmicas que utilizam os sentidos da visão, audição, tato, olfato, degustação, podem ser interessantes para estimular diferentes experiências na natureza (Mendonça, 2015). Durante as atividades, também pode ser interessante estimular o grupo por meio de desafios e perguntas que podem ser observadas individualmente durante a visita e que, ao final, podem ser compartilhadas com o grupo por meio de depoimentos ou desenhos, por exemplo. Assim, o profissional que lidera o grupo deve estar atento e sensível às características de cada grupo, pois para alguns visitantes, a dinâmica pode funcionar como elo de aproximação e motivação, mas para outros, a aproximação durante a condução deve ser mínima, desde ferramentas de apoio como guias e manuais impressos, ou atividades com menor interação entre o grupo.
3- Finalizando a atividade. Hora de “colher” a experiência através de uma breve retrospectiva, em grupo, dos principais pontos observados. Os participantes, em círculo, podem dizer uma palavra ou gravar um depoimento com a principal “mensagem” que marcou a experiência, em ambiente natural.
A organização de dinâmicas de grupo, previamente à visita, pode subsidiar as ações durante as atividades em campo, mas também é importante considerar o caráter de imprevisibilidade e as diferentes variáveis envolvidas nas práticas em ambientes naturais. Tais aspectos podem exigir maior flexibilidade e capacidade de adaptação da atividade em situações adversas.
Outro aspecto a ser considerado está relacionado às possíveis divergências entre os membros do grupo e/ou clientes conflituosos e a forma de lidar com isso. Por isso, é tão importante que o profissional que lida diretamente com os visitantes em campo, conheça as estratégias de resolução de conflitos e gestão de grupos. Portanto, as “soft skills” são tão importantes, como a empatia, a liderança, assertividade e cooperação. A importância da gestão de grupos é ainda maior conforme a duração da experiência, especialmente, quando durar um dia todo ou vários dias, quando será quase inevitável esses tipos de situações e a resolução urgirá, em prol da harmonia e sucesso final da operação.
Como reflexão final, podemos dizer que para manter a harmonia do grupo, é importante manter sua energia muito alta e em completo equilíbrio, para o sucesso da operação como um todo.
Tópico 7. Liderança no ecoturismo e experiências na natureza
O planeta e a humanidade estão em crise. Atualmente, na terceira década do século XXI, temos a certeza de que a humanidade representa uma séria ameaça à sua própria existência. Nesse contexto, precisamos de líderes genuínos e esclarecidos para ajudar a nos guiar neste mundo, às vezes, caótico e sempre imprevisível.
A liderança pode ser trabalhada em diversos ambientes e situações, no trabalho, na família, em grupos de amigos, e também nos momentos de lazer. No contexto do Ecoturismo, aspectos e processos relacionados à liderança são úteis tanto na condução de um grupo de turistas, quanto na liderança de uma empresa ou equipe de trabalho. Mas, também, a liderança adequada, faz toda a diferença na construção de uma visão coletiva a diferentes parceiros, stakeholders, envolvidos nos sistemas socioprodutivos de valor e no ecossistema do turismo.
Ao contrário de uma concepção antiquada e inadequada de que a liderança é para poucos, para os escolhidos, hoje sabemos que qualquer um pode ser um líder inspirado e inspirador. E não há mistério por trás disso. Grandes líderes são aqueles que conseguem atender às suas necessidades e às necessidades dos outros, com base em valores éticos, percepção e visão ampliadas, com criatividade e senso de comunhão.
A liderança precisa desenvolver uma consciência das necessidades do grupo, desde as necessidades mais básicas de alimentação e abrigo (segurança), até necessidades mais refinadas, como amor, autoestima e senso de companheirismo do grupo. Cada necessidade, exige respostas que precisam ser atendidas, do nível mais básico ao mais alto, seguindo uma hierarquia de necessidades. Os níveis de necessidade foram identificados pela primeira vez pelo psicólogo Abraham Maslow (1908-1970), que podemos destacar, adaptados ao contexto dos grupos, e ordenados por importância (Chopra, 2010):
- Segurança e proteção
- Realização e sucesso
- Cooperação
- Integração, inclusão
- Criatividade, Progresso
- Valores morais
- Realização Espiritual
Como líder, você deve responder às necessidades do grupo, das mais básicas às mais altas.
Embora a hierarquia das necessidades seja entendida como uma escada, na vida prática, as pessoas são entidades complexas, e ao invés de subir os degraus, um de cada vez na vida, nas situações reais, as questões e diferentes níveis de necessidades são mais intricados.
Na prática, o ecoturismo, também nos apresenta um novelo de lã, com múltiplas necessidades emaranhadas, em diferentes escalas, que devem ser compreendidas e desvendadas.
Podemos considerar que o desenvolvimento da liderança é uma jornada evolutiva, em busca de uma expansão da consciência. Um(a) líder deve estar consciente e atento à hierarquia de necessidades e respostas, para que possa atender efetivamente às necessidades do grupo.
Nessa jornada, pode ser útil identificar alguns passos, como sugere Chopra (2010):
Lembre-se de observar e ouvir – procure ser um observador imparcial, use todos os seus sentidos, não julgue nada antecipadamente. Perceba o grupo e as situações com seu corpo, mente, coração e alma. Responda às necessidades do grupo, não pulando níveis na hierarquia de necessidades, mas com sua visão e intuição mais aguçadas e valores profundos. Para isso, é importante refletir sobre seu propósito de vida e sua visão de mundo. Essa reflexão deve levar em conta não apenas o aspecto racional, mas, principalmente, sentimentos, intuição e sabedoria, buscando sua própria essência. Então, como líder, você pode compartilhar sua visão com entusiasmo e inspiração.
Fortaleça os laços emocionais – trabalhe com emoções positivas, busque estabelecer conexões e relacionamentos reais, você deve liderar e servir ao mesmo tempo. Não se trata de intimidade excessiva, contato físico ou deixar que todos saibam como você se sente, mas ser emocionalmente lúcido e eficaz. Esteja atento ao seu corpo, observe e expresse seus sentimentos (mas buscando se relacionar de forma produtiva, consigo mesmo, principalmente com as emoções negativas), assuma a responsabilidade pelo que sente, perceba a influência das crenças, egos e condicionamentos passados, em você e nas pessoas ao seu redor. Procure construir um entusiasmo compartilhado sobre a experiência e os valores mais nobres em jogo, cuidar genuinamente dos outros, estar disposto a construir conexões, reforçar os pontos fortes e a autoestima dos outros e, também, usar técnicas de comunicação não violenta e resolução de conflitos, quando necessário.
Expansão da Consciência – Consciência é sinônimo de atenção, de perceber a si, às pessoas e ao ambiente. A cada momento, muitos caminhos levam adiante, a consciência nos diz qual é o caminho certo a seguir. Quando estamos em um estado de consciência expandida, toda a nossa consciência e tudo o que está ao nosso redor também será expandido. Consciência não é o mesmo que pensar, embora a razão e a lógica assegurem o domínio, as nossas decisões são tomadas principalmente de forma intuitiva. A mente pensante é apenas a ponta do iceberg. A consciência ampliada envolve o desenvolvimento de diferentes atributos pessoais, como: estabilidade emocional , estar preparado para aliviar a ansiedade dos outros; automotivação, com confiança e energia interna para realização; coerência – baseada em valores e sentidos, inspirando as pessoas a se reunirem em torno de sua visão ; intuição, insight , a partir da observação de si e dos outros, buscando compreender o ambiente e as pessoas, sem distorções pessoais, sem ter que pensar muito; a criatividade, a partir da intersecção do conhecido e do desconhecido, estar confortável mesmo na incerteza, sabendo que a imprevisibilidade faz parte da realidade; inspiração, buscando as raízes da consciência no amor, na compaixão, na virtude, estimulando a transformação pessoal em nós mesmos e nas pessoas ao nosso redor; transcendência, em última análise, a consciência expandida não tem limites, podemos experimentar e exemplificar a totalidade, estando unidos com todos e tudo ao seu redor, sendo quem você é e ajudando os outros a chegarem lá.
Seja orientado para a ação – visão e ação devem estar alinhadas e caminhar juntas, só assim você será capaz de energizar os outros ao seu redor para seguirem seu caminho. Toda situação evoca uma ação correta, como líder você deve identificar o papel que se espera de você. Estando consciente, esse papel será evocado e desempenhado naturalmente. O líder deve ser orientado para a ação, num ambiente dinâmico, energizando os que estão a volta, ele deve ser um modelo a ser seguido, servindo de exemplo e dando-se. É importante dar feedback de forma agradável e honesta, franca e positiva, enfatizando a contribuição das pessoas. Muitas vezes, é importante ser persistente, principalmente quando há contratempos e obstáculos. Busque também celebrar as conquistas, os pontos fortes da trajetória do grupo, criar uma atmosfera sutil de comemoração, comemorar cada passo conquistado, antecipando um pouco a celebração maior que será alcançada ao final do processo.
Empoderamento ou Fortalecimento do Poder – é o fruto de uma ação bem-sucedida. Está relacionado a fazer e poder caminhar juntos, sustentando sua visão. É importante notar que não estamos falando do poder do ego, mas do fortalecimento do poder das pessoas ao seu redor, ao mesmo tempo em que isso alimenta o seu próprio empoderamento. O poder pessoal deve dar lugar ao poder transpessoal, baseado na empatia, compaixão e imparcialidade. Busque extrair o máximo benefício em qualquer situação, para todos ao seu redor, tanto em condições favoráveis quanto em situações adversas. Busque emancipar e ativar a fonte de poder em outras pessoas, capacitar os outros mostrando que eles são como você, que todos somos especiais, e não apenas alguns.
Responsabilidade – liderar plenamente significa assumir uma responsabilidade maior do que atender às necessidades do grupo, é preocupar-se com o crescimento pessoal de cada um e de todos os envolvidos em seu entorno. Começa com sua própria evolução. Nosso comportamento influencia todos ao nosso redor. Nossa responsabilidade e evolução pessoal são construídas a partir de nossos pensamentos, emoções, percepções, nossas relações pessoais, nosso papel social, o meio em que vivemos, nossa fala, nosso comportamento e nosso corpo. Todos esses aspectos nos influenciam e influenciam aqueles que nos rodeiam. Liderar de forma profunda significa que assumimos a co-responsabilidade pela nossa evolução e pela evolução de quem está conosco, portanto, nunca agimos de forma que rebaixe a autoestima das pessoas. Cultive bons hábitos mentais, seja responsável pelo que sente, pela forma como percebe o mundo, pelos seus relacionamentos, pelo seu papel na sociedade, no mundo e no seu ambiente imediato.
Percebemos que os aspectos de liderança destacados acima desafiam a antiga visão de liderança e sucesso. Não estamos falando de uma liderança ou modelo de negócios baseado no autoritarismo, na subjugação e exploração de pessoas e recursos naturais, visando o poder do ego e o lucro financeiro. Estamos falando de uma liderança que busca inspirar as pessoas para um mundo melhor, baseado em valores nobres, para uma sociedade em que queremos viver.
Os princípios de liderança aqui elencados servem para diferentes contextos, inclusive para dinâmicas de ecoturismo para profissionais que lideram grupos de turistas no campo, bem como para planejadores turísticos, trabalhando com uma visão ampliada de todos os envolvidos, direta e indiretamente, nas atividades e cadeias produtivas.
Tópico 8. Técnicas de gestão de riscos e conflitos para um eficaz gerenciamento de grupo
Os conflitos são acontecimentos frequentes na vida pessoal e profissional. Quando várias pessoas fazem parte de uma atividade, é quase inevitável que surjam diferentes opiniões, necessidades, interesses ou avaliações. Os conflitos podem surgir tanto em nossas próprias organizações quanto no trabalho com nossos grupos-alvo. Geralmente, resolvemos conflitos diariamente buscando o consenso, conciliando diferenças ou cedendo em nossas posições. Se os envolvidos não conseguirem administrar um conflito em sua fase inicial, ele pode se tornar um problema que afetará cada um dos membros, absorverá energia e até bloqueará completamente o trabalho do grupo.
As estratégias para lidar com um conflito que já começou sua fase de escalada (quando é evidente), geralmente são limitadas: percebemos o conflito como algo negativo, assumimos um papel passivo, o tomamos como um problema pessoal e não saber o que fazer ou como agir. Tendemos a interpretá-lo como um ataque à nossa personalidade, e então reagimos com atitudes de autodefesa, e tudo se resume a perder ou vencer o conflito.
Por isso, é muito importante ampliar a compreensão de um conflito analisando suas possíveis causas e suas fases; detectar seus primeiros sinais e definir a melhor estratégia para transformá-lo.
Como o conflito foi definido:
Existem várias definições para “conflito”; mas talvez o que possa agrupar todas as abordagens conceituais seja: “uma tensão que surge quando as aspirações, objetivos, valores, opiniões, interesses, etc., de duas ou mais pessoas ou grupos, se opõem ou se excluem” ( Maya et . al. ,2009)
Pode-se dizer que, para uma determinada situação qualificá-la ou não como conflito, ela deve atender às seguintes características:
- Uma interação entre dois ou mais participantes, sendo os participantes indivíduos, pequenos grupos ou grandes grupos.
- Predominância de interações antagônicas.
- Intenção de prejudicar o outro ou atribuição de tal intenção.
- Uso direto ou indireto do poder.
- Ineficiência regulatória (falta de regras e acordos claros acordados e informados previamente).
Tipos de conflito mais comuns
Vamos rever os tipos de conflitos que surgem com mais frequência nas interações sociais e grupais; e algumas perguntas, que nos ajudam a identificar a causa desses conflitos. É importante esclarecer que, na expressão de um conflito, vários desses tipos podem estar interagindo ao mesmo tempo (adaptado de Grundmann et al ., 2002)
Conflito de poder: luta para garantir poder, influência e vantagem sobre os recursos.
Existe uma luta por poder ou influência?
Existe uma tendência para formar alianças?
As competências ou atribuições são questionadas?
Há desacordo sobre quem toma as decisões e como é o fluxo de informações?
Conflito de papéis: Inconsistências e contradições entre as expectativas e interpretações que ambas as partes têm de seus próprios papéis.
Existe um organograma que defina as tarefas, responsabilidades e poder de decisão de cada um?
Os envolvidos conhecem suas tarefas e responsabilidades?
Os envolvidos compartilham sua percepção de seus respectivos papéis?
As competências ou atribuições são questionadas no trabalho?
Conflito de objetivos, formas de alcançá-los e procedimento: Quando objetivos opostos ou até prejudiciais são perseguidos pela outra parte (pessoa), e quando há desacordo sobre os métodos e procedimentos para atingir os objetivos.
Existe um plano compartilhado sobre os objetivos, resultados e procedimentos da organização?
Existe monitoramento para tal planejamento?
Existem diferentes interpretações dos objetivos, resultados e procedimentos?
Existe um acordo transparente sobre como o trabalho diário está organizado (datas, sequência de etapas, locais, etc.)?
Conflito cultural ou de valores: Este tipo de conflito ocorre quando há diferentes interpretações dos acontecimentos, tanto pelos respectivos sistemas de valores dos envolvidos quanto pelos diversos pertencimentos culturais.
Há consciência da possibilidade de várias interpretações baseadas em valores e raízes culturais?
Existe sensibilidade intercultural?
Há abertura e aceitação em relação a diferentes valores ou interpretações culturais?
Há troca de percepções?
Conflito de informações: Os envolvidos dificultam mutuamente o acesso e o fluxo de informações, desqualificam as fontes de informação e negam a confiabilidade das informações recebidas.
O fluxo de informações é transparente e satisfatório?
Alguém se sente excluído de informações importantes?
Alguém se aproveita de ter mais informações do que os outros?
Podemos perceber que muitos dos conflitos podem ser evitados se nossa atividade de ecoturismo e orientação tiver um bom planejamento, regras claras e acordos prévios. A partir do momento que conhecemos as características, as vivências e expectativas do grupo, como orientadores e facilitadores da experiência, temos uma atitude aberta ao aprendizado, ao diálogo e à escuta.
Assim, é importante conhecer algumas estratégias de resolução ou transformação de conflitos, e saber diferenciá-las de acordo a cada situação, para implementá-la como estratégia, no caso específico. Nota-se que no caso do ecoturismo, essas estratégias podem ser aplicadas para a gestão de conflitos desde um grupo de visitantes às instâncias comunitárias, participativas, ou relacionada a outros arranjos dentro do ecossistema turístico, em situações que vão muito além da condução de um grupo de visitantes em si.
- Conciliação: Um terceiro se comunica, separadamente, com as partes em disputa para reduzir as tensões e criar uma atmosfera aceitável para a resolução de conflitos.
- Negociação não assistida/arranjo direto: um processo voluntário no qual os grupos se encontram face a face, sem mediadores ou facilitadores para chegar a um acordo mútuo.
- Facilitação: Um terceiro apoia um processo de negociação voluntária entre dois ou mais grupos. Isso é usado quando há vários grupos de interesse envolvidos no conflito. O facilitador se concentra na organização do processo e na logística para trazer as partes interessadas à mesa de negociação. Quando ele supervisiona a moderação das reuniões de negociação, seu papel está focado em facilitar a comunicação entre os grupos e a troca de pontos de vista diferentes. Raramente, ele oferece ideias para facilitar a discussão ou se envolve na discussão além de sintetizar ou delinear os pontos de vista de cada grupo de interessados.
- Mediação: É um processo de negociação assistida entre dois ou mais grupos conflitantes apoiados por um terceiro. Além de garantir que todas as partes interessadas concordem com o processo e a logística, o mediador pode ter uma influência considerável na aproximação dos grupos e na oferta de soluções. Ao contrário dos facilitadores, eles podem expressar suas próprias opiniões sobre a aceitabilidade das soluções propostas. No entanto, os mediadores não podem tomar decisões. Seu principal papel é apoiar a troca confidencial de pontos de vista e informações entre as partes interessadas envolvidas (FAO, 2002, Means & Josayme).
Como profissionais do ecoturismo, devemos nos formar como facilitadores de processos grupais e ter em mente que os conflitos interpessoais e grupais são uma parte natural das relações sociais, mas devem ser enfrentados para evitar que o conflito avance para dimensões que impossibilitem a realização das atividades e alcance das metas. Como reflexão final, lembramos aquela frase de Phyllis Beck Kritek: “Não buscar a resolução criativa e construtiva dos conflitos humanos é aumentar, consciente e deliberadamente, as divisões e os danos que essas divisões causam”.
Tópico 9. Técnicas de primeiros socorros e técnicas básicas de evacuação. Procedimentos de saúde e segurança
O guia de turismo de natureza deve ser treinado e sempre atualizado em primeiros socorros e resposta a emergências. Este aspecto pode ser a responsabilidade mais importante de um guia, uma vez que no turismo de natureza existem muitas situações e riscos, nas quais tanto quanto possível deve ser identificados e prevenidos, como primeiro passo de uma atividade. Algumas situações podem não ser previstas, por isso, o guia deve estar apto a atuar como líder, pois deve ter o conhecimento básico de ações imediatas que diminuem o efeito de imprevistos.
Este aspecto deve ser abordado de forma séria e responsável, buscando uma formação de qualidade, em que os guias devem estar cientes da importância de saber responder em uma emergência. Uma vez que é apenas uma questão de tempo quando um guia tem que usar essas habilidades no local de trabalho.
- Primeiros socorros: Os primeiros socorros na região selvagem têm conceitos, habilidades e atitudes específicas pela sua condição. O acesso e a comunicação se tornam difícil e os diferentes cenários típicos das zonas rurais, e ainda mais zonas naturais remotas, podem se tornar adversos sempre que temos uma emergência médica. O treinamento em técnicas de primeiros socorros aponta para a ampliação dos tempos de atendimento e entrega dos primeiros contatos com um paciente, geralmente, de uma ou duas horas para alguns dias, sendo, extremamente necessário ter clareza e certeza nos procedimentos que vamos realizar. Hoje, consideramos essa competência, não apenas considerando as áreas selvagens, mas também na possibilidade de desastres naturais que aumentaram, em nossos tempos, e que podem transformar uma cidade em uma área remota, com todos os desafios de uma área selvagem.
- Avaliação da cena: entendida como uma das principais habilidades diante de uma emergência, considerando e reconhecendo os próprios perigos objetivos que causam o acidente, mas também aos perigos subjetivos, dos socorristas, guias ou participantes da experiência, turistas e outros que possam ser encontrados nas diferentes cenas. Este conteúdo continua com a capacidade de abordagem de uma pessoa ferida, passa por todos os procedimentos de tratamento e estabilização necessários, até as habilidades necessárias para a evacuação do paciente.
- Evacuação de pacientes: considera-se desde a estabilização e imobilização de diferentes traumas, até o transporte do acidentado para áreas seguras, considerando alguns trechos curtos para chegar a locais habitados ou rodovias onde possam ocorrer extrações, a locais agrestes, remotos e com grandes extensões de transferência pelos guias, socorristas ou responsáveis; ambos os conteúdos se tornam uma necessidade técnica e profissional para todos aqueles que exercem funções de organização, coordenação e execução de experiências turísticas, educativas e recreativas em contacto com os diferentes tipos de ambientes, em cada um dos cantos do nosso planeta.
- Lesões e traumatismos: Entorses , rasgos e pequenos cortes são as lesões mais comuns em áreas selvagens. Lesões graves são raras. No entanto, é aconselhável estar preparado para todos eles, ossos quebrados, luxações, lesões na cabeça, coluna e tórax, até que possamos entregar o paciente a um serviço de resgate. Esse conteúdo varia de controlar o sangramento a ajudar uma pessoa em estado de choque.
- Procedimentos de saúde e segurança: Entendida como todas aquelas habilidades e procedimentos que são aplicados quando não temos as facilidades da medicina hospitalar moderna ou comum, e quando não temos acesso a medicamentos, equipamentos tecnológicos de diagnóstico ou procedimentos, muito menos podemos transportar rapidamente uma pessoa ferida e é preciso fornecer da atenção básica a cuidados especiais. É necessária formação técnica específica para lidar com emergências médicas na natureza, tais como: alergias, anafilaxia, situações respiratórias e cardíacas, dores abdominais, diabetes, convulsões, entre outras. Cada um deles deve ser encarado como uma situação grave.
- Medicina de expedição: entende-se como a capacidade de prevenir e tratar todo tipo de emergências típicas de uma viagem ou longa permanência na natureza. Como higiene e desinfecção da água, emergências odontológicas e problemas médicos não urgentes comuns.
- Liderança na gestão de emergências médicas: Está relacionado a todas as atitudes que devem estar presentes em diversas situações, que se transformam em mais um elemento técnico, típico dos facilitadores de experiências na natureza, e devem ser considerados como um dos elementos norteadores de nossas ações. O treinamento de liderança é um dos elementos mais importantes a serem considerados, não apenas em primeiros socorros, mas em todo o espectro de atividades ao ar livre.